Mais do que um simples automóvel, o Fusca consolidou-se como um fenômeno cultural. Criado na Alemanha na década de 1930, atravessou períodos de guerra, crises econômicas e transformações tecnológicas, tornando-se um dos veículos mais vendidos da história.
No Brasil, desempenhou papel central como símbolo de mobilidade popular durante décadas e, ainda hoje, permanece vivo na memória coletiva, restaurado e celebrado por entusiastas e colecionadores.
As origens do Fusca (1930-1940)
O projeto do Fusca teve início na Alemanha, idealizado por Ferdinand Porsche, a pedido do governo de Adolf Hitler, que almejava criar um “Volkswagen”, ou seja, um “carro do povo”.
Em 1938, foi apresentado o primeiro protótipo, denominado KdF-Wagen. No entanto, o início da Segunda Guerra Mundial interrompeu a produção em larga escala, desviando a indústria para fins militares.
O Fusca no pós-guerra (1950-1960)
Com o término do conflito, a fábrica da Volkswagen foi reconstruída e o Fusca iniciou sua trajetória de popularização mundial.
Entre os elementos que marcaram essa fase destacam-se:
Design arredondado e imediatamente reconhecível;
Motor traseiro boxer refrigerado a ar, durável e de fácil manutenção;
Expansão internacional, sobretudo nos Estados Unidos e na América Latina, onde rapidamente conquistou grande aceitação.
O Fusca no Brasil (1950-1980)
O modelo chegou ao Brasil em 1950, inicialmente como veículo importado. Em 1959, passou a ser fabricado em São Bernardo do Campo (SP), tornando-se o carro mais acessível e difundido do país.
O sucesso deveu-se ao preço competitivo, à simplicidade da manutenção e à resistência mecânica. Durante os anos 1970, o Fusca consolidou-se como o automóvel mais vendido do Brasil, mantendo esse título por 24 anos consecutivos.
Versões como o Fusca 1300, 1500, 1600 e o popular “Fuscão” marcaram época e fortaleceram sua presença no imaginário popular.
Declínio e despedida (1980-1996)
Com a chegada de modelos mais modernos, como o Volkswagen Gol, o Fusca perdeu competitividade. Em 1986, saiu de linha no Brasil.
Retornou em 1993, impulsionado pelo então presidente Itamar Franco, episódio que lhe conferiu o apelido de “Fusca Itamar”. Contudo, sua produção global foi encerrada definitivamente em 1996, no México, último país a fabricá-lo.
O renascimento: New Beetle e Beetle (1997-2019)
Em 1997, a Volkswagen relançou o modelo sob o nome New Beetle, reinterpretando o clássico com linhas retrô adaptadas às exigências contemporâneas.
A segunda geração, lançada em 2011, trouxe um design mais esportivo, mas, apesar de seu charme, não repetiu o sucesso comercial do original. Em 2019, o Beetle saiu definitivamente de produção.
O Fusca como objeto de culto
Atualmente, o Fusca é valorizado como carro de coleção. Exemplares originais são disputados em leilões e encontros de antigomobilismo. No Brasil, sua relevância cultural foi reconhecida oficialmente com a criação do Dia Nacional do Fusca, celebrado em 20 de janeiro.
Linha do tempo da evolução do Fusca
1938 – Protótipo KdF-Wagen.
1945 – Retomada da produção no pós-guerra.
1950 – Chegada ao Brasil.
1959 – Início da produção nacional.
1970s – Carro mais vendido do Brasil.
1986 – Primeira saída de linha no país.
1993 – Retorno como “Fusca Itamar”.
1996 – Encerramento da produção mundial (México).
1997 – Lançamento do New Beetle.
2019 – Fim da linha Beetle moderno.
A trajetória do Fusca ilustra como um automóvel pode transcender sua função utilitária para se transformar em ícone cultural. No Brasil e no mundo, passou de símbolo de mobilidade acessível a objeto de culto, preservado por colecionadores e entusiastas.
A permanência do Fusca na memória coletiva comprova que alguns carros tornam-se eternos, representando muito mais do que meios de transporte: verdadeiros patrimônios culturais sobre rodas.